O que ninguém fala: Santas Casas são a espinha dorsal do SUS desde o século XIX
Você sabia que, em 15 de agosto, celebramos uma das instituições mais importantes da história da saúde no Brasil? Uma história que começou há mais de 500 anos e que ainda hoje salva milhões de vidas.
Imagine Portugal em 1498. A Rainha Dona Leonor, recém-viúva do Rei Dom João II, decide dedicar sua vida aos mais necessitados. Naquele 15 de agosto, ela funda a primeira Santa Casa da Misericórdia em Lisboa, criando o que seria a primeira ONG do mundo. Uma revolução para a época: uma instituição de caridade que não era nem do governo nem da Igreja, mas da sociedade civil.
O nome "Misericórdia" vem do latim e significa "coração que se compadece da miséria alheia". E essa compaixão se transformou em ação concreta através das 14 obras de misericórdia: sete espirituais, como consolar os tristes e perdoar as ofensas, e sete corporais, como alimentar os famintos e cuidar dos doentes.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram consigo esse modelo de cuidado. A primeira Santa Casa brasileira foi fundada em Olinda, em 1539, tornando-se o primeiro hospital do país. Imaginem: em pleno período colonial, quando não havia médicos formados, eram os religiosos que ofereciam o único acesso à saúde para a população.
Dados históricos da Universidade de São Paulo mostram que, entre 1875 e 1910, a Santa Casa de São Paulo se tornou o marco da medicina científica no Brasil, construindo o primeiro grande hospital de clínicas do país. Foi ali que a medicina brasileira deu seus primeiros passos rumo à modernidade.
Hoje, mais de 500 anos depois, as Santas Casas continuam sendo pilares fundamentais da saúde pública brasileira. Segundo o Ministério da Saúde, elas são responsáveis por 40% das internações de média complexidade e impressionantes 61% das internações de alta complexidade do SUS. Realizaram 71% dos transplantes de órgãos em 2022 e 67% dos procedimentos oncológicos no mesmo ano.
São mais de 220 milhões de consultas ambulatoriais por ano, 175 mil leitos de internação e 1,7 milhão de cirurgias anuais. Números que mostram como essas instituições centenárias continuam sendo essenciais para milhões de brasileiros que dependem do sistema público de saúde.
Se você está assistindo este vídeo, provavelmente você ou alguém da sua família já foi atendido em uma Santa Casa. Deixe nos comentários qual foi sua experiência e se inscreva no canal para mais conteúdos sobre nossa história e saúde.
A próxima vez que você passar por uma Santa Casa, lembre-se: você está diante de uma instituição que carrega mais de cinco séculos de dedicação ao cuidado humano. Uma prova de que a compaixão, quando organizada, pode transformar sociedades inteiras.
FONTES:
Universidade de São Paulo (2010). "Santa Casa de Misericórdia de São Paulo: saúde e assistência se tornam públicas (1875-1910)". https://www.scielo.br/j/vh/a/hzX7pxNLCLZgGDYmBPC5Xwq/?lang=pt
Ministério da Saúde (2023). "Dados sobre Santas Casas de Misericórdia no Brasil". https://telepacs.com.br/santas-casas-de-misericordia-o-que-sao-e-dados-de-impacto/
SciELO Brasil (2022). "O papel da Santa Casa no sistema público de saúde brasileiro". https://www.scielo.br/j/sausoc/a/YK5By6PLB5YcpG8N8qHB5Gn/