O Agente Secreto: até onde ia a espionagem no Brasil dos anos 70?

Você já ouviu falar do filme "O Agente Secreto", que está dando o que falar em Cannes? Já imaginou viver em constante vigilância, como os personagens do filme? Onde cada palavra sua poderia ser registrada, cada movimento monitorado, cada amizade questionada?

Era assim no Brasil dos anos 70. Um período em que o Serviço Nacional de Informações, o temido SNI, transformou nosso país em uma intrincada rede de vigilância e controle.

Imagine Maria, uma jovem secretária de 23 anos. Todo dia, ela pegava o mesmo ônibus, frequentava o mesmo café, encontrava os mesmos amigos. Mas o que ela não sabia é que cada passo seu era observado por agentes do governo.

O SNI não era apenas mais um órgão do governo. De acordo com um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas, mais de 300 mil brasileiros foram monitorados durante a ditadura militar. E o mais impressionante: documentos revelados em 2024 mostram que o sistema de vigilância ia muito além das fronteiras do Brasil.

O aparato de espionagem era tão sofisticado que, através do Centro de Informações do Exterior (CIEX), monitorava não apenas brasileiros, mas também cidadãos de outros países. Entre 1966 e 1986, mais de 17 mil pessoas foram vigiadas pelo serviço diplomático brasileiro, sendo que 70% delas nem eram brasileiras.

Maria descobriu isso da pior maneira possível. Um dia, seu melhor amigo desapareceu. Simplesmente sumiu. Anos depois, documentos revelaram que ele havia sido considerado "subversivo" apenas por participar de reuniões de estudantes.

Segundo pesquisas da Universidade de São Paulo, o impacto psicológico dessa vigilância constante criou cicatrizes profundas na sociedade brasileira. O medo e a desconfiança se tornaram parte do dia a dia, afetando até mesmo as relações mais básicas entre as pessoas.

E hoje, quando olhamos para trás, precisamos nos perguntar: o que aprendemos com esse período? Como podemos garantir que nossa sociedade nunca mais permita que o Estado viole dessa forma os direitos fundamentais dos cidadãos?

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Fontes:

[Fundação Getúlio Vargas] (2024). "Latin American Transnational Surveillance Dataset". [https://www.wsws.org/en/articles/2025/03/17/cnqj-m17.html]

[Universidade de São Paulo] (2024). "Social and Psycho-political Impacts of the Brazilian Military Dictatorship". [https://www.researchgate.net/publication/297920930_Social_and_Psycho-political_Impacts_in_the_Social_Construction_of_Political_Memory_of_the_Brazilian_Military_Dictatorship]

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