Redes sociais estão alimentando a exploração sexual infantil

Você já imaginou o que acontece quando uma conta pública vira a porta de entrada para o pior tipo de violência?

Isso aconteceu com a Sophia. Ela tinha 14 anos. Postava vídeos curtos, dançava, ria. Ganhou seguidores rápido. Um dia, um homem começou a conversar com ela. Primeiro elogios. Depois pedidos estranhos. Depois envio de imagens. Sophia ficou confusa. Com medo. Parou de comer. Parou de dormir. Não contou pra ninguém. O que começou como um passatempo virou um pesadelo.

A verdade é dura. As redes sociais foram feitas para conectar pessoas. Mas também abriram um espaço onde predadores podem agir. E onde conteúdos que expõem crianças e adolescentes são produzidos, vendidos e compartilhados em escala industrial. Não é só invasão de privacidade. É crime. E é violência real, com vítimas reais, que sofrem consequências por anos.

Histórico importante: em 2023 a SaferNet Brasil registrou um recorde de denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil — 71.867 novas denúncias no ano, um crescimento expressivo em relação a anos anteriores. Globalmente, análises recentes apontam que, em alguns países, até 1 em cada 5 crianças sofreu algum tipo de exploração sexual online no último ano, segundo relatório da WeProtect Global Alliance. Esses números mostram que o problema não é só um medo pessoal. É uma crise pública.

Do ponto de vista científico, há também evidências de impacto na saúde mental. Estudos longitudinais mostram associação entre aumento do tempo em redes sociais e crescimento de sintomas depressivos em adolescentes. Uma análise publicada no JAMA Pediatrics identificou que uso de redes sociais e televisão estava ligado a aumento de sintomas depressivos ao longo do tempo. Revisões sistemáticas mais recentes indicam que o uso excessivo de telas e redes pode estar relacionado a piora do bem-estar emocional, sobretudo entre meninas, embora os efeitos dependam do tipo de uso e do conteúdo.

O que isso significa na prática? Primeiro: crianças e adolescentes não deveriam navegar sem supervisão. Isso não é sobre tirar a internet do mundo. É sobre proteção. Pais e responsáveis precisam conversar, criar regras claras, revisar privacidade, não compartilhar conteúdos íntimos, e prestar atenção a sinais como mudança de comportamento, isolamento, sono ruim ou queda no rendimento escolar. Segundo: plataformas e autoridades têm papel central — moderação, prevenção e responsabilização são essenciais. Terceiro: quem sofre precisa de acolhimento. Terapia, apoio da família e acompanhamento profissional fazem muita diferença para a recuperação. E quem comete crimes deve responder legalmente; tratamento psicológico pode ser parte da responsabilização, mas não substitui a justiça.

Se você é pai, mãe, amigo ou professor: não minimize. Pergunte. Escute. Proteja. Se você é adolescente e está passando por algo parecido: não tenha vergonha. Procure um adulto de confiança. Procure ajuda profissional. Denuncie. No Brasil, organizações como a SaferNet recebem denúncias e ajudam a encaminhar às autoridades competentes.

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Agora, uma ação imediata: converse com uma criança ou adolescente hoje. Pergunte se eles sabem como ajustar privacidade. Mostre que existem regras e que buscar ajuda é sinal de coragem, não de fraqueza. Denunciar salva vidas.

Fontes:

[SaferNet Brasil] (2024). "Safernet recebe recorde histórico de novas denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet". https://new.safernet.org.br/content/safernet-recebe-recorde-historico-de-novas-denuncias-de-imagens-de-abuso-e-exploracao-sexual

[WeProtect Global Alliance] (2023). "Global Threat Assessment 2023: Analysis of the sexual threats children face online". https://www.weprotect.org/global-threat-assessment-23/analysis-sexual-threats-children-face-online/

[JAMA Pediatrics] (2019). "Association of Screen Time and Depression in Adolescence". https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6632122/

[BMC Psychology] (2023). "The associations between screen time and mental health in adolescents: a systematic review". https://bmcpsychology.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40359-023-01166-7

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