O que a morte de Sebastião Salgado nos ensina sobre o verdadeiro propósito da fotografia?
Você já parou para pensar como uma única vida pode transformar o mundo? Hoje, nos despedimos de Sebastião Salgado, o homem que enxergou além do visível e nos ensinou a ver com o coração.
Nascido em Minas Gerais em 1944, Salgado não começou como fotógrafo, mas como economista. Foi durante viagens pela África que ele descobriu sua verdadeira vocação. "A fotografia foi uma invasão total em minha vida", confessou à National Geographic. "Olhei pelo visor pela primeira vez e minha vida mudou completamente."
Em preto e branco, com um contraste que se tornou sua marca registrada, Salgado documentou o indocumentável: a dor dos refugiados em "Êxodos", a exploração em "Trabalhadores", a beleza selvagem em "Gênesis", a majestade verde em "Amazônia". Suas fotografias não eram apenas registros – eram denúncias, eram poesia visual, eram gritos silenciosos por justiça.
Em 1986, suas imagens dos garimpeiros de Serra Pelada chocaram o mundo. Uma dessas fotografias foi eleita pelo New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade, mostrando como seu trabalho transcendeu a arte para se tornar ferramenta de transformação social.
Mas foi após documentar o genocídio em Ruanda, em 1994, que Salgado viveu sua própria transformação. "Testemunhei coisas excepcionalmente terríveis", relatou. A experiência o deixou profundamente doente e deprimido.
Retornando ao Brasil com sua esposa Lélia, ele encontrou outra devastação: a fazenda de sua família no Vale do Rio Doce estava completamente degradada. "O solo estava morto, e era impossível viver em uma terra morta", lembrou.
Foi Lélia quem propôs: "Sebastião, por que você não replanta a floresta?" Aquela pergunta simples deu origem ao Instituto Terra, uma das maiores iniciativas de reflorestamento do Brasil.
Foram mais de três milhões de árvores plantadas, recuperando não apenas a vegetação, mas toda a biodiversidade. Onde antes havia terra estéril, hoje existem 173 espécies diferentes de pássaros, inúmeros insetos e até onças-pintadas. As nascentes, antes secas, voltaram a jorrar água limpa.
"Quando se constrói uma floresta, é preciso fazer isso em uma sequência", explicava Salgado. "Primeiro, você planta as espécies pioneiras, depois as secundárias, e finalmente as árvores clímax, que podem durar mil anos."
Sebastião Salgado nos deixa aos 81 anos, mas seu legado é imenso. Como fotógrafo, ele nos mostrou o mundo em suas contradições mais cruas. Como ambientalista, provou que é possível regenerar o que parecia irremediavelmente perdido. Como humanista, usou sua arte para defender os direitos dos mais vulneráveis.
Em suas próprias palavras: "Percebo que estou fechando um círculo, e esse círculo é a minha vida." Um círculo que começou e terminou na mesma terra, mas que no intervalo abraçou o mundo inteiro.
O que Salgado nos ensina é que a verdadeira fotografia não é apenas capturar luz – é iluminar consciências. Não é apenas enquadrar um momento – é transformar o futuro. Não é apenas documentar a destruição – é semear a reconstrução.
E você, que legado deseja deixar para o planeta? Que histórias suas imagens contarão? Que florestas você plantará onde hoje só existe devastação?
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Fontes:
Instituto Terra (2023). "Projeto de Reflorestamento da Mata Atlântica". https://refloresta.institutoterra.org/home
National Geographic Brasil (2025). "O legado de Sebastião Salgado: morre o renomado fotógrafo e ambientalista brasileiro que clicou a Amazônia em preto e branco". https://www.nationalgeographicbrasil.com/cultura/2025/05/o-legado-de-sebastiao-salgado-morre-o-renomado-fotografo-e-ambientalista-brasileiro-que-clicou-a-amazonia-em-preto-e-branco